“De glórias vazias e malfadadas
O breve reinado cinzento
Do temerário conquistador fugaz
– O soberbo Rei Sem Lamentos
Brandiu da altiva Thurínia o estandarte
Em rumo implacável e intento
Tingiu sua terrulenta marcha escarlate
Ao estalar feroz do açoite sangrento
A mão mórbida de mares profundos
Coroou pujante seu mando tirano
Baa’ashal – Ancestral Horror do Oceano
Abraçou em régio louvor insano
Lavou a terra em maré reluzente
Com ondas rebentas de aço legionário
Inundou como enchente os picos nortenhos
Varreu qual tormenta o sul balneário
Caíram as coroas! Caíram os tronos!
Anunciaram os bardos aos reis de outrora
Entregaram seus cetros ao novo soberano
Dobrados à feitiçaria compulsória
Todavia da mercenária de dias combalidos
Os filhos bravios tombaram ceifados
Cobertos precoces em pálido manto
Embora a mãe não os tenha pranteado
Inflamado o fulgor da fúria materna
Ecoaram seus brados em fúria às montanhas
Responderam fiéis seus irmãos selvagens
Armaram em bravura nova campanha
Pela voz do vento se espalhou notícia
Da rebeldia barbárica em levante
Liderada à sombra da leoa ferida
Cresceram as armas da vingança andante
Lavrados embates sorrateiros
Bateram às portas do altar Baashalita
Recuaram os homens aos desformes medos
Avançou somente a amazona maldita
Cruzados os pavores do infame palácio
Irrompeu enfim ao salão tentacular
Juras de abomínio mortal proferidas
Espada ante bruxaria ao prateado luar
Empalado o feiticeiro, findado o feitiço
Ainda que deitado sobre o ventre partido
Devaneasse em moribundos risos
A vã grandeza de seus feitos hauridos
Ruíram as espiras ventosas de Kahashamar
Retornadas ao negro seio oceânico
Do povo Thuríniano partiu o clamor
A quem ocupasse o relegado trono
Assim se foi o Rei Sem Lamentos
Sem que o prestassem qualquer lástima
E em seu lugar se fez coroada
– A inclemente Rainha Sem Lágrimas”