“Frias e sombrias, as terras do meu berço
De montanhas afiadas e cantos escuros
Onde o gamo selvagem se esconde na névoa
Onde os lobos negros cantam seus uivos
Por longos e profundos desfiladeiros
Correm os rios trovejantes sem rumo
Os ventos errantes seus companheiros
Ah! Terra dos Reis! Ah! Terra do orgulho!
Gritam as águias ao nascer da aurora
Piam as corujas ao cair do crepúsculo
Ladram os cães que vigiam o ocaso
Fogem os desesperos ao raiar diurno
Saúdo minha terra do céu cinza plúmbeo
Coroado pelas folhas do perpétuo outono
De picos que miram os horizontes verdadeiros
Dos gigantes implacáveis que encobrem o mundo
Nem ouro nem prata brotam em seu chão
As ambições que fomenta são outras canções
Quietude soturna seu fruto derradeiro
Liberdade tenaz ao caçador sem grilhões
E quando vier a escuridão afinal devorar tudo
Aqui homens sem medo erguerão o seu muro
Pois a noite mais densa não afugenta meus irmãos
Ah! Terra dos Reis! Ah! Terra do orgulho!”